sábado, 20 de dezembro de 2008

Vagiquê????

Hora: 20h10
Local: Sala de refeições da casa alugada no condomínio ex-luxuoso
Enquadramento: Os meus pais vieram visitar-nos este fim-de-semana.
Ao jantar, um dos acompanhamentos era feijão verde - daquele redondinho- salteado em azeite e alho.
Discute-se o facto incontornável de eu não ser fã de legumes e a igualmente incontestável realidade destes serem muito saborosos quando salteados.
Cada vez que tocam nesta minha particularidade, acabo sempre tão irritada que perco a razão...

Cena:

Fractal-Mãe (FM): Como viste, é muito simples. E podes saltear os legumes que bem entenderes, até mesmo as misturas que tens no frigorífico!

Fractal-Esposo (FE): E é tão bom! Porque é que não provas?

Eu mesma: Porque, como estão cansados de saber, não gosto de legumes.

FE: Mas gostas de grelos. Temos ali grelos; amanhã podiamos experimentar a ver se gostas.

Fractal-Pai (FP): Bem podias experimentar o feijão verde; as pessoas nem lhes chamam leguminosas...

Eu mesma: Pois não, dizem que estão a comer vagens, o que faz com que não as considerem leguminosas e sim vaginosas...

FM, FE, FP: Como?!?!?!?


Moral da história:
Se eu não gosto de legumes e sabem bem como me enfurece ser questionada quanto a este facto, então não me enervem, porque depois podem ouvir mais pérolas destas que me saem boca fora sem terem passado pelo cérebro para "verificação ortográfica"....

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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O assobio misterioso

Hora: 7h05 (Ah pois é, o pessoal levanta-se cedo....)
Local: Cozinha da casa alugada no condomínio ex-luxuoso
Enquadramento: Estou de pé, a olhar pela janela, enquanto bebo um iogurte e tento imaginar a temperatura lá fora. Quando começo a emergir dos meus sonolentos pensamentos, apercebo-me de um chiar muito semelhante a um assobio....

Cena:

"Não me lembro nada de ter posto a caneca eléctrica a aquecer água", penso de mim para mim...

E penso bem: viro-me e, antes mesmo de chegarem à bancada, os meus olhitos remelosos dão de caras com a dita chaleira toda desmontada numa prateleira...
Desisto.
Deve ter sido uma daquelas alucinações auditivas de quem ainda não percebeu que já saiu da cama há 10 minutos...

Além do mais, quando estou cheia de sono, desisto de tudo muito rapidamente.

**********

De novo a mirar o pinhal, noto que a dita chiadeira está mais audível.
Agora assemelha-se mais ao barulho - muito mais ténue, mas ainda assim... - do silvar de uma cobra.

Contas fáceis de fazer: sono + silvo + pinhal = "TENHO UMA COBRA DENTRO DE CASA!!!!"

"Acalma-te, mulher: tu mexes em cobras e não te arrepias; já sabes que elas começam por ser pequeninas tipo minhoquedo alargado... O teu Bizinho transporta as cobras dele no teu carro e tu na boa.... GAJA, TU CONSEGUES PROCURÁ-LA!!!"

Deixo de respirar... acalmo o bater do coração... E lá me pus a olhar para tudo quanto é recanto da cozinha!
Muito senhora de mim: "se a vir, agarro-a assim, mexo-lhe assado; o Biz já me mostrou como se faz; eu vejo o National Geographic e as cobras venenosas são grandes e só chegariam aqui trazidas por alguém; meto-a num tupperware, levo-a ao Biz, ele entrega-a no Zoo ou cuida dela..."

Mas, nisto, eis que o silvo deixa de se fazer ouvir.

Ainda com muito sono na minha cabeça, desisto.
"Mulher, que parvoedo: uma cobra na cozinha de um 2º andar e logo das que emitem silvos....", digo de mim para mim.

**********

Abro a janela para respirar um bocadinho de ar fresco e a ver se me acordo... pelo menos, de fantasias parvas que envolvam cobras na minha cozinha...

Mas lá está o som outra vez... Parece mesmo um gatinho a miar.

"Deve ser isso, e como estava de janela fechada, pensei logo em cobras e assim. Tanta borreguice junta logo de manhã, Fractal... Sossega!"

**********

Mas nem por isso me acalmo.

Fecho a janela e eis que começo a notar que o silvo se transformou quase no som de uma "língua de sogra", aqueles assobios de carnaval que se enrolam e desenrolam quando sopramos....

Por esta altura, já começo a sentir-me verdadeiramente intrigada e os nervos começam a despertar-me da soneira habitual...
Assim sendo, mais desperta, não desisto tão facilmente de encontrar o dito assobio que, quanto mais me enervo, mais se assemelha já a uma corneta....

Reparo, de repente, que a intensidade e o padrão repetitivo do som me parece familiar....

Velocidade nas pernas - que a esta hora da manhã ainda nem perceberam que fazem parte do meu corpo - e vou à sala buscar um cigarro para me acalmar...

Sento-me num banco da cozinha e, em vez de ir à janela fumar, tento acalmar-me...

Dou um grande suspiro e... Sai uma grande "cornetada"!!!!
Respiro fundo uma vez.
Outra vez.
Ouço cornetada atrás de cornetada....

O meu nariz virou assobio!!!

Páro.
Abro a janela.
Acendo o cigarro e digo de mim para mim: "Fractal, nunca mais deixes a medicação... Mulher louca"!

Moral da história:
Um nariz ranhoso logo ao nascer do dia é capaz de excitar mais a imaginação de uma mulher do que provavelmente alguns homens.

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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

À minha amiga Sandra Afonso

Sabem, ela nunca vai ler isto....
Esperem: NUNCA é uma palavra muito forte - ela não morreu!!!
Quando digo que ela não vai ler isto, é porque não lhe disse o endereço do meu blogue e duvido que, depois de tanto tempo sem escrever, os nossos amigos em comum lhe dêem o url para ela vir aqui espreitar....

Por isso, é nesta ideia reconfortante de "tu não me vais ler", que lhe escrevo...
... quase 11 anos depois de termos deixado de nos falar, de nos vermos... e sem sabermos porquê.

Devem estar a pensar:
"Olha a lata desta - onze anos sem a ver e sem lhe falar e chama-a de amiga!"

Pois é.... Mas a verdade é que chamo. MESMO!
AMIGA!!! Assim mesmo....

E sabem porquê?

Onze anos e um sorriso depois, foi tudo do que precisei para saber... para SENTIR... que passaram tantos anos.... e tempo nenhum.

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Eu e a Sandra fomos colegas de faculdade; daquelas amigas que até passam férias grandes uma com a outra; que os pais se passam a conhecer em nome dessa amizade, apesar de serem de distantes pontos geográficos do País; amigas que estudam juntas, que se matam a estudar para passar em exames; dividem livros, risos, choros, bebedeiras e chávenas de chá...

Aliás, Sandra, o chá foi um vício que me ficou e a culpa é toda tua.
Com as "securas" de agora, então,.... são litros por dia!

Mas adiante!

Um dia, sem quê nem para quê, apercebi-me que já não nos falávamos; que não nos encontravámos nas aulas... e deixei passar.
Deixámos passar.
E passaram onze anos!

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Mas a vida é tão curta e o mundo tão pequeno, que anos depois e eis que a Sandra é namorada de outro grande amigo meu: o Anselmo Crespo... Aquele jornalista - tal como a Sandra - que ainda não acredita que nem eu, nem ela, sabemos porque é que deixámos de nos falar....

Não sabemos e pronto, passou!, OK?, estás satisfeito???

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Passados todos estes anos, o Anselmo juntou-nos num bar da nossa cidade-natal (minha e dele) e foi como se nada tivesse acontecido... Porque continuamos sem perceber o que aconteceu.

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Então, a meio da conversa a Sandra pergunta-me:
- Mas tu não tinhas um blog?

- Até tinha dois - respondo-lhe.

- E paraste de escrever porquê?

- Porque... porque a escrita é uma paixão que me consome se a tento viver.
Mas consome-me tão violentamente que só penso nisso o tempo todo.... e, por isso, às vezes, tenho que parar. Parar para me lembrar que ela não é a minha vida, por muito que gostasse.

E foi então que ela me sorriu.

Não disse nada; apenas me sorriu.

E, 11 anos depois, encontrei no sorriso dela aquela empatia que me fez ver que ela compreende a minha maneira de ser face à escrita como nunca a consegui explicar a ninguém...

Obrigada, Sandra.
Por me teres entendido no teu sorriso... e por me teres recebido no abraço em que me lancei para ti assim que te (re)vi!

Só mesmo os amigos - de sempre e para sempre - nos reconhecem ao final de tanto tempo...

E foi para ela - e por causa dela - que me apeteceu voltar a escrever....

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Voltou a apetecer-me....

Não sabiam que eu sou assim?, desapareço e apareço outra vez sem razão aparente...

Não tem a ver com "Ah, estou a atravessar uma fase difícil, muitos problemas... nem tenho cabeça para escrever"....
Fases tem a electricidade; a vida é difícil todos os dias; problemas existem até mesmo nas nossas cabeças.

Não tem a ver com "não tenho temas para escrever; é-me difícil encontrar sobre o que escrever..."
Quem gosta de escrever faz uma enciclopédia de 20 volumes a partir de uma única palavra.

Então, porque desapareci e agora volto a aparecer?

Simplesmente porque.... Umas vezes apetece-me, outras não....

E hoje voltou a apetecer-me! :)

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